Em 14 de dezembro de 2021, a senadora Mary Jane McCallum conversou com seus colegas senadores canadenses sobre a necessidade de considerar cuidadosamente os impactos da hidroeletricidade no contexto de declarar uma emergência climática. Em nome da organização Wa Ni Ska Tan (Aliança das Comunidades Afetadas pela Hidrelétrica de Manitoba), ela alertou que o desenvolvimento hidrelétrico não pode ser simplesmente aceito como uma solução para as mudanças climáticas:
“Agradecemos a oportunidade de falar durante esta moção e, assim, oferecer uma visão sobre emergências e novas ameaças, como as mudanças climáticas, alertando para os perigos de aceitar cegamente projetos hidrelétricos de grande escala como um caminho para a dependência futura de energias renováveis. Embora a crise climática represente um perigo muito real para todos os povos do mundo, as soluções que são promovidas devem ser baseadas em princípios de justiça e que evitem o sacrifício de comunidades em benefício dos demais“.
Durante seu discurso, a senadora fez referência às experiências dos moradores do norte de Manitoba que foram afetados pelo desvio do rio Churchill (DRC) e sua infraestrutura hidrelétrica.
“O DRC afetou diretamente mais de 5.000 milhas da costa. Esta é uma estimativa conservadora baseada em dados disponíveis das linhas costeiras ao redor do Lago South Indian , mas os números reais são difíceis de calcular devido à natureza inacessível das informações supostamente públicas… Tanto o governo de Manitoba e o público em geral tem que confiar nas informações fornecidas pela Manitoba Hydro, que financia a grande maioria dos estudos científicos sobre seus projetos e usa estratégias de dividir para governar ao assinar acordos com as comunidades.” Leia mais sobre as experiências dessas comunidades e campanhas recentes aqui.
“A energia hidrelétrica produzida por essas megabarragens há muito utiliza-se de uma reputação imerecida de energia “limpa” e “renovável”. No movimento para enfrentar as mudanças climáticas por meio do uso de energia elétrica, a “greenwashing” representa uma ameaça emergente de proporções ideológicas. As atuais estruturas coloniais disfuncionais e arraigadas, incluindo brechas jurisdicionais, também acentuam os desequilíbrios de poder existentes na região. As marcas ecológicas causaram impactos que ainda não receberam a devida consideração ambiental. Ilhas inteiras foram engolidas. Pescarias históricas e comerciais foram dizimadas. Milhares de pessoas e comunidades inteiras foram inundadas, deslocadas e desapropriadas.“
Em resposta às injustiças históricas e atuais, o discurso também enfatizou a necessidade de soluções reais que não perpetuem os problemas coloniais:
“Os projetos de energia renovável são extremamente necessários diante da crise climática, mas não devem ser executados de forma a repetir os erros do passado. As hidrelétricas de Manitoba foram desenvolvidas de forma colonial, não priorizaram a colaboração com povos indígenas, nem limitou os danos ambientais. Os futuros projetos de energia devem focar em energias renováveis, como eólica e solar, que podem ser construídas mais perto de centros urbanos, como Winnipeg, reduzindo a quantidade de infraestrutura e combustível utilizados na produção de energia. Essas novas fontes de energia também serão menos suscetíveis as mudanças futuras em nosso clima, ao contrário da suscetibilidade da hidreletricidade a uma seca, como a que estamos vivendo atualmente em Manitoba. O norte do Canadá também deverá experimentar um aquecimento maior do que a média global, o que demonstra assim outra razão para concentrar os esforços em soluções sustentáveis. Apelamos aos governos e à indústria para que aproveitem a oportunidade para desenvolver soluções inovadoras para as nossas necessidades energéticas e de uma forma que não conduza a uma maior degradação ambiental, socioeconômica e cultural.“
Leia o discurso completo aqui ou assista a gravação aqui.
Leia mais sobre a campanha para parar a destruição contínua de terra e água no norte de Manitoba aqui.